Lula reúne chanceler após banimento de ministros pelos EUA

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou neste sábado (19) o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para reunião de emergência no Palácio da Alvorada após os Estados Unidos revogarem vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal.

O encontro ocorreu na véspera da viagem presidencial ao Chile, onde Lula participará de evento sobre democracia e multilateralismo organizado pelo presidente Gabriel Boric. A agenda internacional ganha novo significado diante da crise diplomática com Washington.

Na sexta-feira (18), o secretário de Estado americano Marco Rubio anunciou o cancelamento do visto do ministro Alexandre de Moraes, além de documentos de familiares e “aliados” no STF, sem especificar todos os magistrados atingidos pela medida.

Lula reagiu duramente à decisão americana, classificando-a como “arbitrária e completamente sem fundamento” em nota oficial divulgada na manhã de sábado. “A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou o presidente.

O chefe do Executivo ainda afirmou estar certo de que “nenhum tipo de intimidação ou ameaça vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais”, referindo-se à defesa do Estado Democrático de Direito.

A medida americana foi anunciada horas após operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve suas medidas cautelares endurecidas. Rubio vinculou diretamente as sanções ao caso Bolsonaro, alegando que o ex-presidente é vítima de “caça às bruxas” conduzida por Moraes.

“A caça às bruxas política do juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola os direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende para atingir os americanos”, escreveu o secretário de Estado em redes sociais.

O episódio marca o momento mais crítico das relações Brasil-EUA no campo judicial, com potencial de afetar a cooperação bilateral em diversas áreas. O STF optou por não se manifestar oficialmente sobre as sanções americanas.

Publicar comentário