Tarifa de 50% dos EUA ao Brasil: Impactos Políticos e Econômicos em Meio à Crise Bolsonaro


O governo dos Estados Unidos anunciou uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras, em um movimento diretamente ligado ao cenário político envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida, vista por especialistas como uma retaliação à atuação da Justiça brasileira e às ações do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas a Bolsonaro, criou um clima de incertezas nas relações entre Brasil e EUA.
Bolsonaro e a Tarifa: Um Cenário Indefinido
A decisão de Donald Trump, ex-presidente dos EUA, de impor a alta taxação está atrelada à sua defesa pública de Jair Bolsonaro, que enfrenta investigações no Brasil. O governo Lula, por sua vez, rejeitou a pressão e classificou a ação americana como “chantagem inaceitável”, reafirmando a soberania nacional. Enquanto isso, o STF manteve o ritmo das investigações e, na última sexta-feira (18), a Polícia Federal cumpriu mandados contra Bolsonaro, agravando o impasse diplomático.
Segundo o cientista político Eduardo Heleno, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), “a questão Bolsonaro e as tensões nas redes sociais deixam o cenário altamente indefinido”. Heleno ressalta que embora o Brasil não seja o único país ameaçado por tarifas norte-americanas, o contexto político brasileiro intensifica o conflito.
A Relação Entre Taxas, Redes Sociais e Big Techs
Trump criticou o STF e o governo brasileiro por supostas restrições à liberdade de expressão, especialmente por medidas que responsabilizam as plataformas digitais por conteúdos ilegais. Em junho, o STF decidiu que as big techs podem ser responsabilizadas diretamente por postagens de usuários — uma decisão que repercute internacionalmente.
O professor Sérgio Simoni Jr., da USP, destaca que o tarifaço pode refletir também uma disputa maior sobre a regulação das grandes empresas de tecnologia, que são estratégicas para os EUA. “A taxação pode ser uma manobra para minimizar o poder da China, um tema que ultrapassa a questão Bolsonaro”, avalia Simoni.
Consequências Políticas e Reação do Governo Lula
Na avaliação dos especialistas, a crise ajudou a consolidar o apoio popular ao presidente Lula. “O governo está conseguindo estancar a queda de popularidade, passando a discurso que envolve soberania nacional contra pressões externas, não apenas uma narrativa de conflitos internos”, afirma Simoni.
Lula reafirmou seu compromisso em não “entregar o País de volta àquele bando de malucos”, referindo-se ao grupo político do ex-presidente, em mensagem clara sobre as eleições de 2026.
Desdobramentos Recentes: Medidas Restritivas Contra Bolsonaro
No dia 18 de julho, Bolsonaro passou a cumprir medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e a proibição de acesso a redes sociais e contato com autoridades estrangeiras.
A decisão foi motivada por investigações que apontam que Bolsonaro, em conjunto com seu filho Eduardo Bolsonaro, articulou pressões para interferir em processos judiciais, desestabilizar a economia e pressionar o Poder Judiciário.
Retaliação dos EUA: Revogação de Vistos de Ministros do STF
Como resposta às ações brasileiras, o governo dos EUA revogou o visto do ministro Alexandre de Moraes e de familiares próximos, alegando “perseguição à liberdade de expressão”. Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, afirmou que o governo responsabilizará estrangeiros envolvidos em censura a direitos protegidos nos EUA.
Até o momento, não houve recuo oficial da administração Trump quanto à tarifa sobre as importações brasileiras.
Defesa de Bolsonaro e Posicionamento do PL
A defesa do ex-presidente manifestou surpresa e indignação com as medidas, alegando que Bolsonaro sempre cumpriu determinações judiciais e que os atos atribuídos a ele foram praticados por terceiros. O PL, partido do ex-presidente, repudiou a operação da Polícia Federal e considerou as medidas “desproporcionais”.